"senti falta do tempo que não tinha vícios, nem problemas, nem arrependimentos, nem mentiras pra esconder."
(camila lopez)
Monday, November 24, 2008
Friday, June 20, 2008
reforma da casa e tocar o céu.
uma pessoa que sumiu
sem notícias
sem adeus
sem amor
sem volta
a vida costuma vez ou outra dar essas bofetadas, pra acordar, avisar que o buraco é mais embaixo, que nada é tão simples, nem as coisas mais simples, como 1+1 (pergunte a qualquer matemático mais teimoso, ele vai mostrar n maneiras diferente de provar que o resultado é outro além do esperado, com um sorriso no rosto. de deboche, claro.), nem como pular e tentar tocar o teto, o céu, qual a diferença? não tenho altura nem pra um, nem pra outro.
minha casa está em reforma, literalmente. as janelas primeiro de tudo, depois de refeitas em madeira, agora estão sendo pintadas de branco. depois vem as paredes, que ainda vou escolher as cores. o bom disso tudo, além de mudar a rotina da casa, é que vou percebendo o que vale a pena mudar, o que vai pro lixo o que vai nas estantes novas que vou comprar, os livros, os discos, os filmes, tudo sendo reorganizado, as lembranças, desenhos e fotos vão pra parede, de forma aleatória, as que dóem vão pra uma caixa preta, segura, esperando o dia de serem lembradas. pronto, saí da reforma da casa e entrei na reforma dos meus dias. não quero falar sobre isso, não agora. prefiro falar da minha casa, que tem chão de madeira, móveis improvisados e fios espalhados. minha bagunça. eu me acho.
sem notícias
sem adeus
sem amor
sem volta
a vida costuma vez ou outra dar essas bofetadas, pra acordar, avisar que o buraco é mais embaixo, que nada é tão simples, nem as coisas mais simples, como 1+1 (pergunte a qualquer matemático mais teimoso, ele vai mostrar n maneiras diferente de provar que o resultado é outro além do esperado, com um sorriso no rosto. de deboche, claro.), nem como pular e tentar tocar o teto, o céu, qual a diferença? não tenho altura nem pra um, nem pra outro.
minha casa está em reforma, literalmente. as janelas primeiro de tudo, depois de refeitas em madeira, agora estão sendo pintadas de branco. depois vem as paredes, que ainda vou escolher as cores. o bom disso tudo, além de mudar a rotina da casa, é que vou percebendo o que vale a pena mudar, o que vai pro lixo o que vai nas estantes novas que vou comprar, os livros, os discos, os filmes, tudo sendo reorganizado, as lembranças, desenhos e fotos vão pra parede, de forma aleatória, as que dóem vão pra uma caixa preta, segura, esperando o dia de serem lembradas. pronto, saí da reforma da casa e entrei na reforma dos meus dias. não quero falar sobre isso, não agora. prefiro falar da minha casa, que tem chão de madeira, móveis improvisados e fios espalhados. minha bagunça. eu me acho.
Monday, June 02, 2008
da batida
me lembro do nosso primeiro carnaval,
do meio da confusão, fugimos pra um lugar melhor, um lugar nosso.
sentados num batente, debaixo de uma árvore,
contei meus segredos, falei que meu peito tinha uma batida muito maior
do que a percussão e um ritmo além da euforia da multidão que seguia o bloco.
ela gostou, sorriu e com o rosto corado,
me beijou o rosto, a boca e o coração.
eu fui feliz.
do meio da confusão, fugimos pra um lugar melhor, um lugar nosso.
sentados num batente, debaixo de uma árvore,
contei meus segredos, falei que meu peito tinha uma batida muito maior
do que a percussão e um ritmo além da euforia da multidão que seguia o bloco.
ela gostou, sorriu e com o rosto corado,
me beijou o rosto, a boca e o coração.
eu fui feliz.
Wednesday, May 07, 2008
não é bem uma questão de não aprender, não vou ficar me culpando por ter acreditado, ou me culpando por ter ido alto demais.
sempre é uma coisa diferente e você realmente acha que pode funcionar. fica procurando onde foi que errou e deixa a nóia pra próxima vez.
não acredito mais em nada. nem em mim.
se alguém ler isso, não comente. foi só... sei lá.
sempre é uma coisa diferente e você realmente acha que pode funcionar. fica procurando onde foi que errou e deixa a nóia pra próxima vez.
não acredito mais em nada. nem em mim.
se alguém ler isso, não comente. foi só... sei lá.
Wednesday, April 30, 2008
Wednesday, April 02, 2008
01 02 04 05...
só um bilhete, espera que eu vou lá e pego um pra gente.
sentados no batente molhado de chuva, um cigarro pra relaxar e a fumaça, que se espalha no clima abafado, acaba dando enjoo.
dois jogos, quinze numeros em cada jogo. tu escolhe um e eu o outro. e a vontade de estar junto era tão grande que os numeros vinham sempre juntinhos, 1 e 2, 4 e 5, 12 e 13, e quando não eram em pares, colados, sempre tinham um motivo especial, a idade de alguém querido que nem existia, o número de filhos, os dias que pretendiam passar em algum lugar especial.
escolhidos os trinta números, dobro o bilhete, coloco no plástico da carteira de cigarro. entramos no carro, parado somente a alguns quarteirões e vamos pra casa, então me dou conta de que o bilhete não é mais necessário.
eu já ganhei na loteria.
sentados no batente molhado de chuva, um cigarro pra relaxar e a fumaça, que se espalha no clima abafado, acaba dando enjoo.
dois jogos, quinze numeros em cada jogo. tu escolhe um e eu o outro. e a vontade de estar junto era tão grande que os numeros vinham sempre juntinhos, 1 e 2, 4 e 5, 12 e 13, e quando não eram em pares, colados, sempre tinham um motivo especial, a idade de alguém querido que nem existia, o número de filhos, os dias que pretendiam passar em algum lugar especial.
escolhidos os trinta números, dobro o bilhete, coloco no plástico da carteira de cigarro. entramos no carro, parado somente a alguns quarteirões e vamos pra casa, então me dou conta de que o bilhete não é mais necessário.
eu já ganhei na loteria.
Friday, February 01, 2008
04:44 e o sono passa longe.
ando trocando o dia pela noite, pulando da cama pra rede, pro sofá, pra cadeira do escritório, ando passando os canais, as páginas, as faixas dos discos, ouço a billie dizer
lembro de Mersault, que matou um árabe no romance de Camus, penso em tanta coisa, a mãe que preciso visitar mais, das tantas fotos que preciso fazer, das contas a pagar, projetos engavetados, dos amigos que estão longe, penso nas viagens - ah, as viagens, esse sim era um hobbie que eu queria ter, viajar sem parar - lembro que já é 2008 e eu, quando novo, nem imaginava como seria minha vida no ano 2000.
05:03 o sono, o sono, cadê?
agora a billie diz
lembro de outro dia, das promessas feitas, das vontades, da vontade, do céu estrelado, meu céu, tu diz que eu sou da páscoa, seja lá o que isso signifique, eu acho lindo, tudo parece fazer sentido numa lógica completamente louca, tudo faz sentido pra mim.
os dias passam lentos demais, tenho dormido durante a tarde, então de noite é essa insônia toda e fico louco pra apagar, pro tempo passar mais ligeiro, mais fácil, menos chato.
05:14, oh, agora billie canta i love you porgy, consigo não, consigo nada.
tenho medo de nunca mais conseguir dormir. aquele sono bom, sono fácil, que faz sonhar. medo de nunca poder acordar, olhar pro lado e dar aquele sorriso de lado, dar bom dia pra mim mesmo, enquanto tu ainda se perde nos teus sonhos, sol fraco de cedo do dia, luz entrando pela janela aberta, lençóis limpos, brancos e amassados.
05:25
e se eu te prometer todos os meus dias mais bonitos? na verdade, esquece. na verdade, meus dias mais bonitos estão contigo e se tu me der eles em doses diárias, pequenas, sei que nunca vão acabar e então eu faço o mesmo, vou te dando os teus dias mais bonitos assim, como quem dá água a uma planta ainda pequena, na medida certa, pra crescer forte, verde e um dia poder dar uns frutos bonitos e vermelhos, de fazer inveja até ao mais bonito pomar.
e se eu prometer isso tudo - eu prometo.
05:29 e o sono, diferente de ti, me esqueceu hoje.
ando trocando o dia pela noite, pulando da cama pra rede, pro sofá, pra cadeira do escritório, ando passando os canais, as páginas, as faixas dos discos, ouço a billie dizer
"i dream each night
you say you love me
and hold me tight
but when I awake
and you're out of sight"
lembro de Mersault, que matou um árabe no romance de Camus, penso em tanta coisa, a mãe que preciso visitar mais, das tantas fotos que preciso fazer, das contas a pagar, projetos engavetados, dos amigos que estão longe, penso nas viagens - ah, as viagens, esse sim era um hobbie que eu queria ter, viajar sem parar - lembro que já é 2008 e eu, quando novo, nem imaginava como seria minha vida no ano 2000.
05:03 o sono, o sono, cadê?
agora a billie diz
"there's the moon above
and it gives my heart a lot of swing.
in your eyes there's love
and the way I feel it must be spring.
i want you so now"
lembro de outro dia, das promessas feitas, das vontades, da vontade, do céu estrelado, meu céu, tu diz que eu sou da páscoa, seja lá o que isso signifique, eu acho lindo, tudo parece fazer sentido numa lógica completamente louca, tudo faz sentido pra mim.
os dias passam lentos demais, tenho dormido durante a tarde, então de noite é essa insônia toda e fico louco pra apagar, pro tempo passar mais ligeiro, mais fácil, menos chato.
05:14, oh, agora billie canta i love you porgy, consigo não, consigo nada.
"i love you, Porgy
don't let him take me
don't let him handle me
and drive me mad
if you can keep me
i want to stay with you forever"
tenho medo de nunca mais conseguir dormir. aquele sono bom, sono fácil, que faz sonhar. medo de nunca poder acordar, olhar pro lado e dar aquele sorriso de lado, dar bom dia pra mim mesmo, enquanto tu ainda se perde nos teus sonhos, sol fraco de cedo do dia, luz entrando pela janela aberta, lençóis limpos, brancos e amassados.
05:25
e se eu te prometer todos os meus dias mais bonitos? na verdade, esquece. na verdade, meus dias mais bonitos estão contigo e se tu me der eles em doses diárias, pequenas, sei que nunca vão acabar e então eu faço o mesmo, vou te dando os teus dias mais bonitos assim, como quem dá água a uma planta ainda pequena, na medida certa, pra crescer forte, verde e um dia poder dar uns frutos bonitos e vermelhos, de fazer inveja até ao mais bonito pomar.
e se eu prometer isso tudo - eu prometo.
05:29 e o sono, diferente de ti, me esqueceu hoje.
Friday, January 25, 2008
poemas e promessas (e desejos de)
uma mesa os separava, ele colocava as mãos juntas, apoiadas sobre a agenda que gritava compromissos sem importância, olhava pra cima, via os olhos pretinhos e rasos d´água, sorriso diferente, daqueles que vem junto com as lembranças, com as vontades e os sonhos difíceis.
pediram igual, café com pouco leite - café cortado, como se diz em terras porteñas - e um silêncio que mata, ele puxa um guardanapo de debaixo do pires, desenha uma bobagem, bonecos palito de mãos dadas, um coração em cima e, embaixo, um bilhete. diz pra ela guardar, pra sempre.
é um contrato, que não pode ser quebrado por nenhuma das partes, um acordo de se querer bem, mais do que bem, de se amar pra sempre, pra sempre, como nos filmes, como ninguém acha possível, mas eles sabem ser a verdade.
e é o que importa no final das contas, ou não? a verdade, eles dois sabem, sabem bem. beija o guardanapo com carinho, dobra e coloca nas mãos dela, sempre com gentileza, sempre.
paga a conta e sai pela porta, os olhos fundos d´água não se aguentam. voltam à vida normal.
e foi tudo lindo. todos os dias.
ele nunca vai esquecer.
pediram igual, café com pouco leite - café cortado, como se diz em terras porteñas - e um silêncio que mata, ele puxa um guardanapo de debaixo do pires, desenha uma bobagem, bonecos palito de mãos dadas, um coração em cima e, embaixo, um bilhete. diz pra ela guardar, pra sempre.
é um contrato, que não pode ser quebrado por nenhuma das partes, um acordo de se querer bem, mais do que bem, de se amar pra sempre, pra sempre, como nos filmes, como ninguém acha possível, mas eles sabem ser a verdade.
e é o que importa no final das contas, ou não? a verdade, eles dois sabem, sabem bem. beija o guardanapo com carinho, dobra e coloca nas mãos dela, sempre com gentileza, sempre.
paga a conta e sai pela porta, os olhos fundos d´água não se aguentam. voltam à vida normal.
e foi tudo lindo. todos os dias.
ele nunca vai esquecer.
Thursday, January 17, 2008
funny valentine
e quando meus braços pedem os teus braços,
o que fazer?
-
queria te dizer,
meus olhos não vivem mais sem os teus olhos,
jogos na varanda, coca-cola com gelo,
rotina diferente a cada dia,
praia e cinema, beijo no pescoço,
me abraça forte, vai, vai. vem, diz que sim.
porque agora meus sonhos tem nome, as vontades,
os desejos, o carinho, tem nome, tem nome.
não são planos, é tudo bem querer, eu quero
tu hoje e hoje e hoje. e amanhã e depois.
entende?
porque as coisas vão acontecendo e nada é errado,
te juro, é tudo certo, porque é do bem, é bem querer
querer mais do que querer, entende? promete?
água de côco em garrafa de plástico, isso sim é errado,
e digo mais, pode ser melhor, vai ser, vai ser.
acredito mesmo que vá, tu duvida?
duvida não, duvida não.
nos dias impares, sou teu,
nos pares, tu é minha, fica combinado assim.
e um dia, quem sabe... não sei, não sei,
tenho medo dos desejos virarem planos
e planos podem falhar,
carinho demais nunca erra. nunca.
o que fazer?
-
queria te dizer,
meus olhos não vivem mais sem os teus olhos,
jogos na varanda, coca-cola com gelo,
rotina diferente a cada dia,
praia e cinema, beijo no pescoço,
me abraça forte, vai, vai. vem, diz que sim.
porque agora meus sonhos tem nome, as vontades,
os desejos, o carinho, tem nome, tem nome.
não são planos, é tudo bem querer, eu quero
tu hoje e hoje e hoje. e amanhã e depois.
entende?
porque as coisas vão acontecendo e nada é errado,
te juro, é tudo certo, porque é do bem, é bem querer
querer mais do que querer, entende? promete?
água de côco em garrafa de plástico, isso sim é errado,
e digo mais, pode ser melhor, vai ser, vai ser.
acredito mesmo que vá, tu duvida?
duvida não, duvida não.
nos dias impares, sou teu,
nos pares, tu é minha, fica combinado assim.
e um dia, quem sabe... não sei, não sei,
tenho medo dos desejos virarem planos
e planos podem falhar,
carinho demais nunca erra. nunca.
Wednesday, November 21, 2007
de presente
dos caminhos da vida,
a gente não sabe é de nada.
dos cruzamentos de trânsito,
encontros de esquina,
café morfado esfriando sobre um guardanapo,
nele, um número borrado.
segredos ao meio dia,
confidências à meia noite.
a vida é cheia de curvas.
nas retas, levanta os braços,
fecha os olhos e abre um sorriso.
a gente não sabe é de nada.
dos cruzamentos de trânsito,
encontros de esquina,
café morfado esfriando sobre um guardanapo,
nele, um número borrado.
segredos ao meio dia,
confidências à meia noite.
a vida é cheia de curvas.
nas retas, levanta os braços,
fecha os olhos e abre um sorriso.
Monday, November 12, 2007
das voltas e do aprendizado
carlinhos era um cara simplório, de atos comedidos e sem muita ambição. um dia andava pela rua quando roberta furacão passa na sua frente, pisca um olho na sua direção e continua desfilando. carlinhos passa dias com aquela imagem na cabeça, aquele mulherão alí, dando sopa, se sente bobo por não ter ido atrás, queria ser mais despojado, menos tímido, essas coisas. sempre sentia que poderia aproveitar melhor a vida.
enfim, a vida passa e sem florear muito a história, carlinhos de uma forma ou de outra conhece roberta furacão e coisa e tal e acabam passando algumas noites juntos. não vou explicar como, mas foi o que aconteceu.
pois bem, um belo dia roberta furacão decide que carlinhos é pouco pra ela, aquele carinho todo, aquela coisa de amar, de cuidar e bla bla bla, não era pra ela, queria um homem com pegada, o famoso "me joga na parede e me chama de lagartixa". resolve então que carlinhos já era. coitado, coração em pedaços, carlinhos passa dias embaixo do chuveiro, chora pelos cantos de sua casa de chão de madeira, casa simples, claro, como ele, chorando, lembrando, olhando as fotos que tinha com roberta furacão. aquilo sim que era mulher, ele repetia. pros poucos amigos que tinha, chorava horrores.
encurtando a história mais uma vez, carlinhos se chama agora carlão, continua simples, amável e gentil, mas agora é carlão, sim, grande, crescido e sofrido. robertinha, bichinha, vive agora a reler os bilhetes de amor que um dia recebeu. olha pro lado e dá boa noite pro paulão, o que tem pegada, mas sem amor no coração.
enfim, a vida passa e sem florear muito a história, carlinhos de uma forma ou de outra conhece roberta furacão e coisa e tal e acabam passando algumas noites juntos. não vou explicar como, mas foi o que aconteceu.
pois bem, um belo dia roberta furacão decide que carlinhos é pouco pra ela, aquele carinho todo, aquela coisa de amar, de cuidar e bla bla bla, não era pra ela, queria um homem com pegada, o famoso "me joga na parede e me chama de lagartixa". resolve então que carlinhos já era. coitado, coração em pedaços, carlinhos passa dias embaixo do chuveiro, chora pelos cantos de sua casa de chão de madeira, casa simples, claro, como ele, chorando, lembrando, olhando as fotos que tinha com roberta furacão. aquilo sim que era mulher, ele repetia. pros poucos amigos que tinha, chorava horrores.
encurtando a história mais uma vez, carlinhos se chama agora carlão, continua simples, amável e gentil, mas agora é carlão, sim, grande, crescido e sofrido. robertinha, bichinha, vive agora a reler os bilhetes de amor que um dia recebeu. olha pro lado e dá boa noite pro paulão, o que tem pegada, mas sem amor no coração.
Friday, October 26, 2007
da espera e da vontade
às vezes fico esperando que num instante,
num momento epifânico da parte de lá,
ela me procure e me diga todas as doçuras
que eu sempre quis ouvir.
com brilho nos olhos,
miro o céu.
num momento epifânico da parte de lá,
ela me procure e me diga todas as doçuras
que eu sempre quis ouvir.
com brilho nos olhos,
miro o céu.
Sunday, October 21, 2007
Wednesday, October 17, 2007
vermelho é pare, amor e sangue.
bang!
olha prum lado, pro outro, mão sobre o peito, o sangue descendo e o pavor nos olhos. sabia, sabia que isso ia acontecer, viu o cara na esquina de bobeira, de boné, mãos no bolso, sabia que o cruzamento era perigoso, perto da favela, mas não, não ia seguir preconceitos, estatísticas, queria ser ético demais. o pobre. agora lá, sangrando sobre o banco cinza de um carro velho. olhou pela janela e viu o sujeito olhando pra ele, andando devagar, era tarde da noite, um quarteirão de casa, não tinha força pra pisar no pedal do acelerador.
bang!
não acreditava. a mão no peito era por puro reflexo, o estrago tava feito. costelas bem cuidadas por anos, agora quebradas. o que não importava, de qualquer forma, que se danem as costelas, elas não iam ter mais função em minutos, sabia disso.
bang!
"porra! rouba logo essa merda de carro, filho da puta. pega a grana, relógio, celular, o que for, mas para de apertar essa merda de gatilho."
bang!
bang!
olhos arregalados, dentes quebrados no choque contra o volante, sangue por todo canto, curiosos começam a chegar, cada um com sua versão dos fatos, mas o negócio é que na hora mesmo não tinha ninguém por perto. se tinha, correu de susto. claro.
na esquina alguém dobra e some.
de diferente, as cinco balas a menos no tambor do revólver.
olha prum lado, pro outro, mão sobre o peito, o sangue descendo e o pavor nos olhos. sabia, sabia que isso ia acontecer, viu o cara na esquina de bobeira, de boné, mãos no bolso, sabia que o cruzamento era perigoso, perto da favela, mas não, não ia seguir preconceitos, estatísticas, queria ser ético demais. o pobre. agora lá, sangrando sobre o banco cinza de um carro velho. olhou pela janela e viu o sujeito olhando pra ele, andando devagar, era tarde da noite, um quarteirão de casa, não tinha força pra pisar no pedal do acelerador.
bang!
não acreditava. a mão no peito era por puro reflexo, o estrago tava feito. costelas bem cuidadas por anos, agora quebradas. o que não importava, de qualquer forma, que se danem as costelas, elas não iam ter mais função em minutos, sabia disso.
bang!
"porra! rouba logo essa merda de carro, filho da puta. pega a grana, relógio, celular, o que for, mas para de apertar essa merda de gatilho."
bang!
bang!
olhos arregalados, dentes quebrados no choque contra o volante, sangue por todo canto, curiosos começam a chegar, cada um com sua versão dos fatos, mas o negócio é que na hora mesmo não tinha ninguém por perto. se tinha, correu de susto. claro.
na esquina alguém dobra e some.
de diferente, as cinco balas a menos no tambor do revólver.
Friday, September 07, 2007
seu dotô,
na sala, a mãe estava aos berros. gritava que o filho ia morrer, que não tinha mais jeito, que isso, que aquilo.
as duas irmãs, desesperadas corriam de um lado para o outro - cozinha, quarto, quarto, cozinha - levando água e panos quentes, a pedido do doutor. os vizinhos se amontoavam sobre o muro, tentando saber o que estava acontecendo, preocupados com o filho mais novo da casa azul de portões largos.
no quarto o médico suava, tentando descobrir o que acontecia com aquele rapaz tão saudável e jovem. nada fazia sentido e o enfermo se contorcia todo de dor, fazia caretas e suava demais, demais.
a mãe, na sala, já havia rezado para todos as dinvidades possíveis e impossíveis, converteu-se em outras crenças, fez promessas e já ameaçava cortar seus cabelos como oferenda à um punhado de santos, só mesmo para que seu filho mais novo, o único varão da casa, pudesse ficar melhor.
o médico, que demorava a dar algum diagnóstico, sai do quarto, limpa a testa, respira fundo uma, duas vezes, olha ao redor, vê o pranto nos olhos das irmãs e diz, sem parecer ter dúvidas.
- O problema é sério. - respira fundo mais uma vez, procurando as melhores palavras para explicar o caso - Bem, o rapaz sofre de paixão.
A mãe, tonta, procura uma cadeira e desmaia.
as duas irmãs, desesperadas corriam de um lado para o outro - cozinha, quarto, quarto, cozinha - levando água e panos quentes, a pedido do doutor. os vizinhos se amontoavam sobre o muro, tentando saber o que estava acontecendo, preocupados com o filho mais novo da casa azul de portões largos.
no quarto o médico suava, tentando descobrir o que acontecia com aquele rapaz tão saudável e jovem. nada fazia sentido e o enfermo se contorcia todo de dor, fazia caretas e suava demais, demais.
a mãe, na sala, já havia rezado para todos as dinvidades possíveis e impossíveis, converteu-se em outras crenças, fez promessas e já ameaçava cortar seus cabelos como oferenda à um punhado de santos, só mesmo para que seu filho mais novo, o único varão da casa, pudesse ficar melhor.
o médico, que demorava a dar algum diagnóstico, sai do quarto, limpa a testa, respira fundo uma, duas vezes, olha ao redor, vê o pranto nos olhos das irmãs e diz, sem parecer ter dúvidas.
- O problema é sério. - respira fundo mais uma vez, procurando as melhores palavras para explicar o caso - Bem, o rapaz sofre de paixão.
A mãe, tonta, procura uma cadeira e desmaia.
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