Friday, September 07, 2007

seu dotô,

na sala, a mãe estava aos berros. gritava que o filho ia morrer, que não tinha mais jeito, que isso, que aquilo.
as duas irmãs, desesperadas corriam de um lado para o outro - cozinha, quarto, quarto, cozinha - levando água e panos quentes, a pedido do doutor. os vizinhos se amontoavam sobre o muro, tentando saber o que estava acontecendo, preocupados com o filho mais novo da casa azul de portões largos.
no quarto o médico suava, tentando descobrir o que acontecia com aquele rapaz tão saudável e jovem. nada fazia sentido e o enfermo se contorcia todo de dor, fazia caretas e suava demais, demais.
a mãe, na sala, já havia rezado para todos as dinvidades possíveis e impossíveis, converteu-se em outras crenças, fez promessas e já ameaçava cortar seus cabelos como oferenda à um punhado de santos, só mesmo para que seu filho mais novo, o único varão da casa, pudesse ficar melhor.
o médico, que demorava a dar algum diagnóstico, sai do quarto, limpa a testa, respira fundo uma, duas vezes, olha ao redor, vê o pranto nos olhos das irmãs e diz, sem parecer ter dúvidas.
- O problema é sério. - respira fundo mais uma vez, procurando as melhores palavras para explicar o caso - Bem, o rapaz sofre de paixão.
A mãe, tonta, procura uma cadeira e desmaia.

Saturday, September 01, 2007

um do nove

dia de pegar todos os bilhetes,
os ditos, os esperados,
os recebidos e os escritos;
e guardar tudo numa caixinha,
aquela colorida,
do lado da cama,
porque tudo foi bonito
e merece ser lembrado.
mesmo que tudo junto dê apenas
alguns minutos.

[como diria mário quintana,
basta um instante.]