Wednesday, November 21, 2007

de presente

dos caminhos da vida,
a gente não sabe é de nada.
dos cruzamentos de trânsito,
encontros de esquina,
café morfado esfriando sobre um guardanapo,
nele, um número borrado.
segredos ao meio dia,
confidências à meia noite.

a vida é cheia de curvas.
nas retas, levanta os braços,
fecha os olhos e abre um sorriso.

Monday, November 12, 2007

das voltas e do aprendizado

carlinhos era um cara simplório, de atos comedidos e sem muita ambição. um dia andava pela rua quando roberta furacão passa na sua frente, pisca um olho na sua direção e continua desfilando. carlinhos passa dias com aquela imagem na cabeça, aquele mulherão alí, dando sopa, se sente bobo por não ter ido atrás, queria ser mais despojado, menos tímido, essas coisas. sempre sentia que poderia aproveitar melhor a vida.
enfim, a vida passa e sem florear muito a história, carlinhos de uma forma ou de outra conhece roberta furacão e coisa e tal e acabam passando algumas noites juntos. não vou explicar como, mas foi o que aconteceu.
pois bem, um belo dia roberta furacão decide que carlinhos é pouco pra ela, aquele carinho todo, aquela coisa de amar, de cuidar e bla bla bla, não era pra ela, queria um homem com pegada, o famoso "me joga na parede e me chama de lagartixa". resolve então que carlinhos já era. coitado, coração em pedaços, carlinhos passa dias embaixo do chuveiro, chora pelos cantos de sua casa de chão de madeira, casa simples, claro, como ele, chorando, lembrando, olhando as fotos que tinha com roberta furacão. aquilo sim que era mulher, ele repetia. pros poucos amigos que tinha, chorava horrores.
encurtando a história mais uma vez, carlinhos se chama agora carlão, continua simples, amável e gentil, mas agora é carlão, sim, grande, crescido e sofrido. robertinha, bichinha, vive agora a reler os bilhetes de amor que um dia recebeu. olha pro lado e dá boa noite pro paulão, o que tem pegada, mas sem amor no coração.

Friday, October 26, 2007

da espera e da vontade

às vezes fico esperando que num instante,
num momento epifânico da parte de lá,
ela me procure e me diga todas as doçuras
que eu sempre quis ouvir.

com brilho nos olhos,
miro o céu.

Sunday, October 21, 2007

Wednesday, October 17, 2007

vermelho é pare, amor e sangue.

bang!

olha prum lado, pro outro, mão sobre o peito, o sangue descendo e o pavor nos olhos. sabia, sabia que isso ia acontecer, viu o cara na esquina de bobeira, de boné, mãos no bolso, sabia que o cruzamento era perigoso, perto da favela, mas não, não ia seguir preconceitos, estatísticas, queria ser ético demais. o pobre. agora lá, sangrando sobre o banco cinza de um carro velho. olhou pela janela e viu o sujeito olhando pra ele, andando devagar, era tarde da noite, um quarteirão de casa, não tinha força pra pisar no pedal do acelerador.

bang!

não acreditava. a mão no peito era por puro reflexo, o estrago tava feito. costelas bem cuidadas por anos, agora quebradas. o que não importava, de qualquer forma, que se danem as costelas, elas não iam ter mais função em minutos, sabia disso.

bang!

"porra! rouba logo essa merda de carro, filho da puta. pega a grana, relógio, celular, o que for, mas para de apertar essa merda de gatilho."

bang!

bang!

olhos arregalados, dentes quebrados no choque contra o volante, sangue por todo canto, curiosos começam a chegar, cada um com sua versão dos fatos, mas o negócio é que na hora mesmo não tinha ninguém por perto. se tinha, correu de susto. claro.

na esquina alguém dobra e some.
de diferente, as cinco balas a menos no tambor do revólver.

Friday, September 07, 2007

seu dotô,

na sala, a mãe estava aos berros. gritava que o filho ia morrer, que não tinha mais jeito, que isso, que aquilo.
as duas irmãs, desesperadas corriam de um lado para o outro - cozinha, quarto, quarto, cozinha - levando água e panos quentes, a pedido do doutor. os vizinhos se amontoavam sobre o muro, tentando saber o que estava acontecendo, preocupados com o filho mais novo da casa azul de portões largos.
no quarto o médico suava, tentando descobrir o que acontecia com aquele rapaz tão saudável e jovem. nada fazia sentido e o enfermo se contorcia todo de dor, fazia caretas e suava demais, demais.
a mãe, na sala, já havia rezado para todos as dinvidades possíveis e impossíveis, converteu-se em outras crenças, fez promessas e já ameaçava cortar seus cabelos como oferenda à um punhado de santos, só mesmo para que seu filho mais novo, o único varão da casa, pudesse ficar melhor.
o médico, que demorava a dar algum diagnóstico, sai do quarto, limpa a testa, respira fundo uma, duas vezes, olha ao redor, vê o pranto nos olhos das irmãs e diz, sem parecer ter dúvidas.
- O problema é sério. - respira fundo mais uma vez, procurando as melhores palavras para explicar o caso - Bem, o rapaz sofre de paixão.
A mãe, tonta, procura uma cadeira e desmaia.

Saturday, September 01, 2007

um do nove

dia de pegar todos os bilhetes,
os ditos, os esperados,
os recebidos e os escritos;
e guardar tudo numa caixinha,
aquela colorida,
do lado da cama,
porque tudo foi bonito
e merece ser lembrado.
mesmo que tudo junto dê apenas
alguns minutos.

[como diria mário quintana,
basta um instante.]

Thursday, August 30, 2007

numa prece

então os dias passam mais lentos,
e tudo que se quer é dormir pra que chegue logo o amanhã.
esperança do dia nascer mais fácil,
do telefone tocar bem cedo.
do outro lado, numa voz rouca,
"bom dia".

Monday, August 27, 2007

Saturday, August 25, 2007

das cartas escritas

abre a carta,

"meu amor, desculpa. até nunca mais. beijos, tereza"

não entendia como tudo isso havia acontecido.

lembra como se fosse ontem o dia que acordaram juntos, cobertos de preguiça, planejando o almoço do domingo. conversas esparramadas no tapete.
se culpa por sempre esperar muito das pessoas, por fazer planos, sonhar e sorrir demais.[nunca gostou da alegria exagerada da maioria.]
agora, passa os dias vendo aquela foto, a única que têm juntos, do jantar, antes do amor.

--

fecha a carta,

não acreditava no que dizia. lembra do sorriso dele, do dia que planejaram o almoço de domingo e acabaram pedindo pizza por telefone. a preguiça era grande, a noite tinha sido longa e tudo que queriam era sentar no chão, escorar no sofá e conversar.
se culpa por não se permitir, por ter medo, receio, ter feridas demais.
perdeu a única foto que tinham juntos.
melhor assim. achava.

-

Wednesday, August 22, 2007

?



"Espera" / Revista Quarteirão Paulista
de Maurício Pierro

-

Tuesday, August 21, 2007

das vontades.

tem dias em que eu posso escrever um poema por dia.

Sunday, August 12, 2007

sal e dean.

então você coloca uma mochila nas costas e sai pro mundo.
e tudo se torna pequeno demais. as ruas ficam mais estreitas, as paredes mais baixas, as pessoas menos chatas, os livros mais curtos.
a vontade de se mandar por aí é que cresce. você se torna cidadão do mundo, os limites foram desfeitos, o horizonte é cada vez mais laranja e azul e rosa e vermelho.

e você olha pro céu, fica se imaginando de lá de cima, perdido. e te garanto, nunca foi tão bom se perder. pisar num chão novo, dormir numa cama de lençóis beges (lençóis que você nunca compraria, mas que agora são os que existem por perto), um restaurante novo, mapa na mão, o sol gira diferente, os dias tem menos horas e as noites são longas e então você percebe que está longe de casa.

amizades passageiras, sentada ao seu lado durante 20 horas de viagem de ônibus se desfazem depois de 3 ou 4 dias, cada um vai em direção ao seu novo destino, quem sabe não se encontram na frente. ou não. na verdade não importa. aquelas pessoas são as mais maravilhosas do mundo e a amizade dura o tempo exato, sem chateação, cobranças ou desconfiança. é todo mundo no mesmo barco, buscando a liberdade, o conhecimento, experiências e algumas boas histórias pra contar na volta.

e a volta? tristeza coisa nenhuma. o mundo agora é seu. os muros caíram, as fronteiras nunca estiveram tão próximas, tão fáceis, tão... sabe?
é dormir pra despertar, se perder pra se achar. fim do ano tem mais. e agora, desde já, começam os sonhos, o planejamento, os roteiros, a corrida pra conseguir grana, os planos. viajar é assim, você curte o antes, o durante e o depois. não tem coisa melhor no mundo.

quem tá nessa comigo?

--

[pra quem não sabe, passei o último mês mochilando pela argentina. o diário de viagem, que ainda está sendo escrito aos poucos, pode ser visto no www.lhamaloca.blogspot.com, assim como logo em breve, os preparativos pra próxima empreitada.]

Saturday, July 07, 2007

=]


Julie Doiron - Me and My Friend

Friday, July 06, 2007

sim, mais um, mais um.



agora tenho maaaaais um blog.
desta vez, um que vai ser um blog super iternacional.
é o LhamaLoca!

na verdade vai ser o meu diário de viagem do mês de julho, onde vou visitar algumas cidades da argentina.
o nome LhamaLoca! era o nome de um projeto meu e do marcos, onde a gente tinha a proposta de viajar pela bolívia e peru. no entanto, essa viagem não deu certo, o marcos infelizmente não pode ir e eu não renovei o meu passaporte... enfim, o destino agora é argentina, saindo de buenos aires e indo até a terra do fogo, no sul da patagônia e voltar pelas cidades andinas.
no blog vou deixar fotos, as minhas impressões, dicas de viagens para que quiser fazer essa viagem um dia e etc.

www.lhamaloca.blogspot.com

viajo amanhã, dia 7 de julho.

hasta luego!

Saturday, June 30, 2007

das pernas que não param.

e é assim mesmo. a vida sempre foi assim, você corre, corre e descobre que o destino é outro, é pro outro lado. você vai pro norte e o certo era oeste, acontece. [certo?]
e enquanto se está correndo é muito bom. o vento nos cabelos, a sensação de vida, de saber que não se está parado, o calor nos pés, o suor que desce as costas, a sede quando é saciada. tudo isso é bom, mesmo que o destino não esteja certo.
tem gente que corre sabendo que vai voltar, não tem? tem gente que corre pra perder peso, pra viver mais, pra viver melhor. talvez nem vivam tanto mais, mas a sensação de estar fazendo o certo é boa demais.

e depois de correr, correr, você pára. é hora de voltar pra casa, tomar um banho, colocar roupas limpas, comer algo - leve, por favor.
escolher outro caminho, outra praça. amanhã é dia de ir contra o vento e voltar à favor. no meio do caminho, trocar de calçada.

Wednesday, June 27, 2007

Wednesday, May 23, 2007

Mais um

e tem blog novo na área.
na verdade, é um lance mais técnico, é um blog sobre novas tecnologias, design de interface, usabilidade, padrões web, bla bla bla...


o meu novo blog é o ButecoDesignLab.blogspot.com
que em nada tem a ver com o "buteco design" lá do carbonmade... aquilo é outro projeto que está só em stand by, mas não morreu.

o motivo do blog é me ajudar na maratona rumo à minha monografia. Como não tenho tema ainda fechando, vou colocando no blog tudo que acho de interessante por aí, o que eu for lendo, descobrindo e etc... vamos ver se funciona, né? ou pelo menos... que ajude.
chamei o marcos pra me ajudar nessa tarefa e acho que vamos produzir coisas interessantes por lá.

Sunday, May 20, 2007

extreme makeover

agora sim, um blog bu-ni-to.

Wednesday, May 09, 2007

When The Deal Goes Down



"The moon gives light and shines by night
I scarcely feel the glow
We learn to live and then we forgive
O'er the road we're bound to go
More frailer than the flowers, these precious hours
That keep us so tightly bound
You come to my eyes like a vision from the skies
And I'll be with you when the deal goes down"

[bob dylan - when the deal goes down]

Monday, May 07, 2007

Stop Me if You Think You've Heard This One Before

na maioria das vezes quando eu falo, é uma corrida boa. falo, falo, falo, quase nunca me canso.
mas tem vezes que, quero falar uma coisa, aí tropeço, falo errado, não soa como eu queria.
depois disso, é só caindo mais e mais e mais. o negócio às vezes é se jogar logo no chão.
é menos vergonhoso.

Monday, April 30, 2007

lover, you should've have come over

pode ter certeza.
desde então,
minhas noites não tem sido
tranquilas.

tudo parece sempre estar
mais longe, sempre.
e você fantasia com uma vida
diferente.

com uma rotina diferente,
outros amigos,
outra cor pros olhos,
outro idioma.

e imagina como seria se.
aquele cruzamento
das nossas ruas
não existe mais.

agora abriu uma estação de trem
com pessoas entrando e saindo
sem nem se notarem,
sem doer, sem graça.

--

às vezes dá medo ter que tomar decisões, definir metas,
ou o contrário.
é tudo pra vida, saca?
uma segunda chance é um luxo que quase nunca tenho.
gostaria de.

Wednesday, April 25, 2007

songs for lovers

5:14 - no sleep.
o céu dá sinais de vida, a chuva insiste, chet baker tenta embalar alguma possibilidade de sono, o cinzeiro vai enchendo e o corujão acabou faz tempo. começou o telecurso 2000 [uma vez me disseram pra eu ir atrás do meu diploma de mecânica profissionalizante]
fortaleza não oferece muita opção pra quem simplesmente não consegue dormir.
no prédio em frente ao meu uma janela acendeu a luz umas 4:30 da manhã [ou madrugada] e eu não parei de pensar o que alguém faria às 4:30 da madrugada num dai de chuva. nem o galo acordou hoje [talvez tenha virado janta ontem, nem duvido], o sol não apareceu e a chuva continua. são 5:21 e o céu tá azul escuro ainda.
lembrei do blog, que nunca dorme, precisava falar com alguém. a luz que tinha acendido aqui no prédio em frente apagou, vi agora. devem ter voltado a dormir.

estou com vergonha do que escrevi agora. parece fraco e bobo.

the greatest

Tuesday, March 27, 2007

charles

"um título. minha cabeça estava vazia. estava ficando frio. sendo macaco velho, achei melhor pegar meu casaco. desci pela escada rolante do 4º andar. quem inventou a escada rolante? degraus que se movem. e depois falam de loucura. pessoas subindo e descendo em escadas rolantes, elevadores, dirigindo carros, tendo portas de garagem que se abrem ao tocar de um botão. depois elas vão pra academia queimar a gordura. daqui a 4.000 anos, não teremos pernas, nos arrastaremos sobre nossas bundas, ou talvez só rolemos como tumberweeds*. cada espécie destrói a si mesma. o que matou os dinossauros foi que eles comeram tudo à sua volta e depois tiveram que comer uns aos outros e com isso só restou um e o filho da puta morreu de fome."

*tumberweeds são aqueles arbustos secos que rolam com o vento pelos desertos

---

o velho buk, amigos.
seco e direto.

acho esse um dos melhores parágrafos que já li dele.

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a quem se interessar, é do livro:
"o capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio" - charles bukowski.

Thursday, March 22, 2007

henry

abri a porta com pouca força. estranho, ela tem costumado emperrar... vai entender, essa coisas de hoje em dia funcionam e param de funcionar sem motivos, não tenho saco pra tentar entender isso.
ligo a luz da sala, ligo o som, o ventilador, abro a geladeira - na busca "daquela" cerveja - e me sento no sofá.
um, dois, três, quatro cigarros... meu deus, preciso parar. não, parar não, mas quem sabe diminuir. as escadas estão mais longas, os dias mais curtos, agora não contabilizados em horas, mas em tragos. esse é meu tempo agora, "vou embora daqui a 3 cigarros". foda.

vou ao banheiro, me olho no espelho, levanto o queixo e faço uma cara de dor. ainda sangra. merda de adolescentes, sempre arranjando brigas em bar. eu sempre me fodo nessas confusões, sempre sobra pra mim e dessa vez não tive nada a ver com a história, juro.
uma vez tive uma namorada que acreditava em signos, astros, essas merdas. um dia ela me disse que, segundo os planetas, eu estava entrando no meu inferno astral. não dei bola pra isso. duas semanas depois ela foi embora com o vizinho de cima - ele levou oito discos meus, filho da puta - e nunca mais deu notícias. isso foi a doze anos atrás. ela nunca me avisou quando esse inferno astral ia acabar. eu vivo com ele.

são três da madrugada. devo estar acordando daqui a quatro horas, isso se eu pular o café da manhã e sair correndo de casa, se meu carro pegar de primeira, se não der qualquer merda no meio do caminho, isso tudo pra chegar na hora lá no escritório.
emprego de merda.
de oito da manhã à seis da tarde, vinte e cinco cigarros, isso quando consigo tempo pra dar aquela voltinha no quintal, beber um cafézinho, olhar pro céu e imaginar o mundo lá fora. mexo o copo de café como se fosse de uisque e seguro o cigarro como se fosse um charuto. imagem ridícula, uma velho de 56 anos brincando nos fundos do local de trabalho.

eu queria ser cantor, um daqueles com a voz macia, deslizando os dedos pelas teclas de um piano preto, num bar silencioso.

passaram vinte minutos, alguém bate na janela, estão me chamando. jogo o terceiro cigarro no chão, piso, olho pro céu azul sem nuvens, meus olhos dóem,
é a idade.
abro a porta, um garotão de vinte e cinco anos sai pra fumar. quis perguntar qual era o sonho dele, mas ia ser uma pergunta idiota demais. desisto.
subo. o dever me chama.

Tuesday, March 13, 2007

em homenagem.

a hora é boa pra escrever aquele samba.

Wednesday, March 07, 2007

nota

eu não mereço o silêncio.

[nem as costas]

Tuesday, March 06, 2007

between the bars

janela aberta

ela era uma puta alta, negra, de olhos fundos, peitos medianos e bunda dura chamada michele. "puta mesmo", tinha orgulho de dizer, sempre avançando, com sua bolsa rodando, pros playboys que param o carro pra fazer alguma graça.
o turno era o da noite. dava mais grana, o nível era mais alto e além do mais, passar a tarde na praça dando para bêbados a deixava sempre com um nojo maior que o normal de seus clientes, além dos calotes, universitários que cabulavam aula, brigas de marido e mulher em motel de quinta categoria, era sempre tudo muito bizarro.
a noite não... nada disso, só tinha playboy, dotô [sic] advogado, todos perfumados cheirosos com as unhas feitas que brilhavam. sempre ia pra motéis com cama redonda e banheira de hidro e tinha já conseguido, em uma semana, clientes fiéis - fidelidade não era exatamente uma característica do mercado, entende?
numa noite, michele, como de praxe, vestia seu vestido curto e usava batom forte - rosa. parada na esquina, esperando qualquer coisa, vê um sujeito do outro lado da rua. baixo, moreno, mãos cansadas, magro que doía, fumando cigarro barato e cospindo no chão. seu nome era roberval, ela descobriu 5 minutos depois.
hoje michele é mãe de três. roberval júnior, roberlene e roberlino - sendo roberlene e roberlino irmãos gêmeos - e os nomes, quem deu foi o pai das crianças, que não foi contestado pela mulher em momento algum.
sorrindente, michele lavava os pratos, de frente pra janela.


Sunday, March 04, 2007

com açucar e com afeto

eu não canto em playback.
nem a pau.

Saturday, March 03, 2007

#1

_uma lobotomia, por favor.

_a chuva me dá vontade de deitar na rede e balançar.

_hoje aluguei 4 filmes.

_preciso mudar a rotina. voltar às aulas, aos restaurantes self-services e quem sabe fazer algum exercício.

_eu já pedi uma lobotomia hoje?

_meu carro nunca mais ficou na reserva, mas ainda continua morrendo pelas esquinas.

_uma palpitação em falso e me perfuro com uma costela.

_work, work, work.

_a minha janela tem sido minha tevê. [cadê a porra do controle remoto?]

_on the road do jack kerouac tá me dando idéias demais. demais.

Wednesday, February 28, 2007

1, 2, 3, 4, 5...

.

eu juro que tô ficando doido.

raso



eu tenho sido um poço de pouca vontade.

possuo desejos.
dois, na verdade.

Tuesday, February 27, 2007

Factotum




já saiu em são paulo o filme "factotum - sem destino", baseado no livro factotum do charles bukowski.
eu não li esse livro, mas o personagem hank chinaski, é o mesmo do livro mulheres.
é o alter-ego do velho safado. é exatamente assim que eu imagino o velho buck.
junkie de carteirinha, hank vai ser interpretado pelo matt dillon, que ficou a cara do bukowski, o jeito meio bruto, a barba, a forma de sentar e segurar o charuto.

.
já combinei com o marcos,
cada um com seu copo de vodka no multiplex do iguatemi.
McVodka. rá!

Monday, February 26, 2007

novas regras da casa.

agora é assim,
cada post tem sua música.

antes de ler, dê play.
carrega rápido, prometo.

Sunday, February 25, 2007

vista da janela.



eu me lembro bem,
teu corpo ainda nu deslizando pra fora da cama, deixando o lençol no chão, se arrastando pra janela, puxando um cigarro da bolsa pendurada ao lado do banheiro.
décimo primeiro andar.
eu na cama, tu na janela, o farol dava sinais de atividade de forma repetitiva, só pra me lembrar que o tempo não tinha parado naquele momento. a fumaça, contra a luz que vinha lá debaixo, fazia desenhos que só eu poderia ver, do meu ângulo pelo menos.
o farol passa novamente. ilumina o quarto inteiro.
lembro que queria fumar também, só pra ter uma desculpa melhor pra sair da cama e ir pro teu lado, compartilhar a melancolia da janela, as histórias alheias vistas do topo, as confidências à luz da rua.

o farol passa novamente.
o tempo não parou. não para.

Friday, February 23, 2007

7 am.

e ela abria sempre um olho de cada vez,
esticava as pernas, ensaiava uma cãimbra.
sorria sempre que sentia vontade.
pro espelho, pro cachorro, pro rádio relógio,
sempre dava bom dia.
dormia de meias e calçava os chinelos de dedo,
andava se arrastando pela casa, procurando o que comer,
passando os dedos pela porta da geladeira,
pensa no paquera de ontem, dá uma risada baixa,
tinha corado, de vergonha.
coloca a unha entre os dentes, olha pela janela,
procura algo do lado de fora, olha para o céu,
pra copa das árvores e desvia o olhar do sol.
ouve um ruído do rádio da vizinha, é música sertaneja,
tem certeza.
olha o relógio, quinze pras oito.
dá passos ligeiros pro quarto, tira uma roupa clara do cabide,
coloca um batom rosa, pouco perfume e prende o cabelo.
- preciso pagar as minhas contas.
e sai de casa, sem olhar pra trás.

Wednesday, February 21, 2007

bom dia,

eu sempre quero dar o melhor "bom dia".

às vezes me adianto demais, e dou à meia noite.
[às vezes me atraso demais, e dou à meia noite.]

nem sempre a recíproca é verdadeira.

over and over



hot chip.

Friday, February 16, 2007

Dan Brown e outras mazelas

e Dan Brown está perto de lancar mais um novo livro: "The Solomon Key". Segunda o crítica o livro mais aguardado da história.

e eu não vejo graça nenhuma nesse cara.
tá, romance policial, bla bla bla.
igual a ele tem mais de mil.


vão ler Kerouak, Ginsberg, Dostoiévsky, Jonh Fante porra! leiam Fante! Charles Bukowski, Saramago, Albert Camus.
Leiam o livro do Sam Kasnher, "quando eu era o tal".

não alimentem o Dan.

joão hélio, depois...

precisamos de uma tragédia
pra classe média começar a sair na rua.

claro que depois todo mundo esquece,
até a próxima.

queremos paz?
me poupe. pedir paz é muito simplista. queremos comida, educação, dignidade,
queremos salários melhores, oportunidades.

paz é pouco.
paz é pra quem tem grana, pra quem tem o que comer. as pessoas deviam voltar às ruas mais vezes,
sem precisarmos sacrificar uma criança por isso.
sim, nós matamos joão hélio.

matamos sim. pelo descaso com que olhamos pro nosso país.
medo é a única coisa que sentimos com realção à pobreza.
classe média. média de pensamento, não dinheiro.

Tuesday, February 13, 2007

there is a light that never goes out.

Ele, ainda criança, já se interessava por versos e poemas. Adorava ouvir as rimas do avô e suspirava quando era dia de leitura de poesia na aula e aquele menina de cabelo castanho, baixinha, lia os poemas de Drummond. Era quarta série, ninguém entendia nada, que diabo de pedra era aquela que ele falava, onde era Itabira e não entendia como um poeta como ele podia se interessar por futebol.
Anos depois entendeu como a poesia e o futebol se encaixavam com perfeição, mas mesmo assim, nem sempre foi adepto de esportes. Só um pouco do futebol, por causa do Drummond.
Sempre foi muito acanhado, muito tímido. Desde pequeno escrevia seus versos, mas nunca os mostrou à ninguém. Nem pra mãe, que achava que o menino tinha problemas mentais, nem pra menininha de cabelo castanho da escola, por que fora apaixonado durante toda a quarta, quinta e sexta série, antes de ter que mudar de cidade.
Na outra cidade, continuou sem fazer amigos, nem sair de casa, mas continuou escrevendo seus textos falando de seus sentimentos, sentimentos que só ele sabia que tinha e ningué nunca entendia nada.
Em dois anos tinha um livro cheio de poemas, contos e textos.
Um dia, deitou na banheira, abraçado com seu caderno e a água vermelha misturou as palavras e pra ele, nesses instante, elas faziam muito mais sentido. palavras que nunca foram lidas por ninguém, nem nunca serão pois agora não existem mais.
era sua vida, porra.

--

dizem que reciclar é importante.
pois então pronto.

Monday, February 12, 2007

páginas.

ah, odeio lições de moral em novela das 8.

Friday, February 09, 2007

Erlend Øye


show do Erlend Øye dia 13, terça-feira, no teatro do dragão do mar aqui, em fortaleza.

cara, essa semana foi cruel, foi foda, mas vai valer cada minuto.
e o melhor de tudo é contar pra pessoas que o cara vai cantar aqui e todo mundo se mobilizar pra ajudar! Todo mundo quer divulgar, pregar cartaz, passar email de mail list, contar pros outros, postar em fotolog e blog... enfim, é muito bom isso.
a promoção desse show não é trabalho pra mim. não mesmo. é prazer. era o que eu precisava.

"You're waiting in the shadows for a chance
Because you believe at heart that if you can
Show to her what love is all about
She'll change"

Ainda acho muito louco isso tudo.

Tuesday, February 06, 2007

hora da aposta

"nuns dias somos cartas.
noutros, fichas."

m.m.

Monday, February 05, 2007

Me explica com que cara eu vou sair

"Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir."

como quase sempre, as palavras me vem emprestadas.

eu quero,

eu preciso de perguntas,
nao de respostas.

Friday, February 02, 2007

espera,

não, por favor, não tenha medo.
segura a minha mão. não, não quer? tudo bem, eu fico aqui, com o cotovelo apoiado na mesa, te olhando e pensando nos dias que nunca passamos.
calma, senta, eu nem pude falar nada ainda. na tevê passa um filme repetido, aquele chato, daquele ator que nem eu nem você gostamos... pinta de galã. hum. sempre preferimos o woody allen, né? pequeno e esperto.

queria te levar naquele filme próxima semana, daquele outro ator que às vezes faz um filme que preste. (essa nossa idéia sempre critica é que nos mata)
queria te levar na roda gigante, subir lá no alto, no meio de todas as luzes, no ponto mais alto do parque, pegar na tua mão, olhar pro céu de poucas estrelas, cantarolar um samba canção baixinho enquanto procuro as palavras na bagunça de tudo que passa no meu coração.

assim, faz de conta que nada disso é pra ti.
na verdade, é só pra mim. e me faz bem.

Thursday, February 01, 2007

banksy


banksy, no muro que divide palestina e israel.

cada um tem seu muro.

furto.

ontem um bêbado me roubou dois cigarro

e todas as palavras da minha boca.

Tuesday, January 30, 2007

baticum

eu quero um samba
com poucas notas
samba daqueles que fazem palpitar

maniqueísmo.

não sei esperar.

[eu sou assim. faz é tempo.]

Monday, January 29, 2007

fast as you can.

e você olha pr´aquela situação.
olha... e olha, cruza os braços, solta os braços. coloca uma mão no bolso, a outra coça a cabeça.

one is the lolinest number, já disse a aimee mann uma vez. [uma? várias.]

tem atitudes que machucam, mas é pro bem. de todos.
[desculpa.]

Sunday, January 28, 2007

fim de.

final de semana cansativo pra caralho.
evento pra fotografar sábado e domingo de 7 da manhã até 7 da noite.

hoje, domingo, acordei 10 horas. pense numa carreira.

sem fome pra almoçar, vim numa lan house. acho que vou esperar o coffee break da tarde.

---

vontade de ir simbora [sic].
to precisando enfiar os pés na areia, olhar o mar e beber cerveja.
ver as ondas lá no fundo ainda se formando, correndo pra beira do mar e quebrando, sem ter motivo aparente de ter existido.
me lembro que eu costumava brigar com as ondas. sei lá, coisa de criança.

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où les yeux dans ses yeux et la main dans sa main
j'aurai le coeur heureux sans peur du lendemain
le jour où je n'aurai plus du tout l'âme en peine
le jour où moi aussi j'aurai quelqu'un qui m'aime

[francoise me mata]

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as poesias não são minhas não, são emprestadas.
um dia eu escrevo. tu vai ver.

Friday, January 26, 2007

delírios;

hoje tive cãimbra na perna. nas duas.

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e eu que queria te levar pra´quele meu lugar secreto.
onde o sonho encontra o acordar.

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hoje fui fotografar o babau do pandeiro.

é... simpatia típica de vendendor de paratodos.
ele está preparando seu DVD, mesmo longe do universo POP de fortaleza.
Babau têm se apresentado, atualmente, mais pela periferia.


"Bota a cabra pra berrar
BÉ BÉ BÉ
Na fogueira de São João
BÉ BÉ BÉ"

Thursday, January 25, 2007

ainda tô tentando achar um template pra isso.
ou é tudo muito poluído, ou muito sem graça.
depois eu crio um.

3.45: no sleep

e o coração palpita.

Monday, January 22, 2007

2007: ano do peru.

em julho. de ônibus.
30 dias, um punhado de amigos, mapas, fotos e mais fotos.

o trajeto da ida, pra quem se interessar:

Fortaleza
Campo Grande
Corumbá
Puerto Quijarro
Santa Cruz de La Sierra
Cochabamba
La Paz
Copacabana
Puno
Cusco
Machu Picchu.

a volta, só deus sabe.
2.500 reais e muita coragem.

quem se habilita?