às vezes fico esperando que num instante,
num momento epifânico da parte de lá,
ela me procure e me diga todas as doçuras
que eu sempre quis ouvir.
com brilho nos olhos,
miro o céu.
Friday, October 26, 2007
Sunday, October 21, 2007
Wednesday, October 17, 2007
vermelho é pare, amor e sangue.
bang!
olha prum lado, pro outro, mão sobre o peito, o sangue descendo e o pavor nos olhos. sabia, sabia que isso ia acontecer, viu o cara na esquina de bobeira, de boné, mãos no bolso, sabia que o cruzamento era perigoso, perto da favela, mas não, não ia seguir preconceitos, estatísticas, queria ser ético demais. o pobre. agora lá, sangrando sobre o banco cinza de um carro velho. olhou pela janela e viu o sujeito olhando pra ele, andando devagar, era tarde da noite, um quarteirão de casa, não tinha força pra pisar no pedal do acelerador.
bang!
não acreditava. a mão no peito era por puro reflexo, o estrago tava feito. costelas bem cuidadas por anos, agora quebradas. o que não importava, de qualquer forma, que se danem as costelas, elas não iam ter mais função em minutos, sabia disso.
bang!
"porra! rouba logo essa merda de carro, filho da puta. pega a grana, relógio, celular, o que for, mas para de apertar essa merda de gatilho."
bang!
bang!
olhos arregalados, dentes quebrados no choque contra o volante, sangue por todo canto, curiosos começam a chegar, cada um com sua versão dos fatos, mas o negócio é que na hora mesmo não tinha ninguém por perto. se tinha, correu de susto. claro.
na esquina alguém dobra e some.
de diferente, as cinco balas a menos no tambor do revólver.
olha prum lado, pro outro, mão sobre o peito, o sangue descendo e o pavor nos olhos. sabia, sabia que isso ia acontecer, viu o cara na esquina de bobeira, de boné, mãos no bolso, sabia que o cruzamento era perigoso, perto da favela, mas não, não ia seguir preconceitos, estatísticas, queria ser ético demais. o pobre. agora lá, sangrando sobre o banco cinza de um carro velho. olhou pela janela e viu o sujeito olhando pra ele, andando devagar, era tarde da noite, um quarteirão de casa, não tinha força pra pisar no pedal do acelerador.
bang!
não acreditava. a mão no peito era por puro reflexo, o estrago tava feito. costelas bem cuidadas por anos, agora quebradas. o que não importava, de qualquer forma, que se danem as costelas, elas não iam ter mais função em minutos, sabia disso.
bang!
"porra! rouba logo essa merda de carro, filho da puta. pega a grana, relógio, celular, o que for, mas para de apertar essa merda de gatilho."
bang!
bang!
olhos arregalados, dentes quebrados no choque contra o volante, sangue por todo canto, curiosos começam a chegar, cada um com sua versão dos fatos, mas o negócio é que na hora mesmo não tinha ninguém por perto. se tinha, correu de susto. claro.
na esquina alguém dobra e some.
de diferente, as cinco balas a menos no tambor do revólver.
Friday, September 07, 2007
seu dotô,
na sala, a mãe estava aos berros. gritava que o filho ia morrer, que não tinha mais jeito, que isso, que aquilo.
as duas irmãs, desesperadas corriam de um lado para o outro - cozinha, quarto, quarto, cozinha - levando água e panos quentes, a pedido do doutor. os vizinhos se amontoavam sobre o muro, tentando saber o que estava acontecendo, preocupados com o filho mais novo da casa azul de portões largos.
no quarto o médico suava, tentando descobrir o que acontecia com aquele rapaz tão saudável e jovem. nada fazia sentido e o enfermo se contorcia todo de dor, fazia caretas e suava demais, demais.
a mãe, na sala, já havia rezado para todos as dinvidades possíveis e impossíveis, converteu-se em outras crenças, fez promessas e já ameaçava cortar seus cabelos como oferenda à um punhado de santos, só mesmo para que seu filho mais novo, o único varão da casa, pudesse ficar melhor.
o médico, que demorava a dar algum diagnóstico, sai do quarto, limpa a testa, respira fundo uma, duas vezes, olha ao redor, vê o pranto nos olhos das irmãs e diz, sem parecer ter dúvidas.
- O problema é sério. - respira fundo mais uma vez, procurando as melhores palavras para explicar o caso - Bem, o rapaz sofre de paixão.
A mãe, tonta, procura uma cadeira e desmaia.
as duas irmãs, desesperadas corriam de um lado para o outro - cozinha, quarto, quarto, cozinha - levando água e panos quentes, a pedido do doutor. os vizinhos se amontoavam sobre o muro, tentando saber o que estava acontecendo, preocupados com o filho mais novo da casa azul de portões largos.
no quarto o médico suava, tentando descobrir o que acontecia com aquele rapaz tão saudável e jovem. nada fazia sentido e o enfermo se contorcia todo de dor, fazia caretas e suava demais, demais.
a mãe, na sala, já havia rezado para todos as dinvidades possíveis e impossíveis, converteu-se em outras crenças, fez promessas e já ameaçava cortar seus cabelos como oferenda à um punhado de santos, só mesmo para que seu filho mais novo, o único varão da casa, pudesse ficar melhor.
o médico, que demorava a dar algum diagnóstico, sai do quarto, limpa a testa, respira fundo uma, duas vezes, olha ao redor, vê o pranto nos olhos das irmãs e diz, sem parecer ter dúvidas.
- O problema é sério. - respira fundo mais uma vez, procurando as melhores palavras para explicar o caso - Bem, o rapaz sofre de paixão.
A mãe, tonta, procura uma cadeira e desmaia.
Saturday, September 01, 2007
um do nove
dia de pegar todos os bilhetes,
os ditos, os esperados,
os recebidos e os escritos;
e guardar tudo numa caixinha,
aquela colorida,
do lado da cama,
porque tudo foi bonito
e merece ser lembrado.
mesmo que tudo junto dê apenas
alguns minutos.
[como diria mário quintana,
basta um instante.]
os ditos, os esperados,
os recebidos e os escritos;
e guardar tudo numa caixinha,
aquela colorida,
do lado da cama,
porque tudo foi bonito
e merece ser lembrado.
mesmo que tudo junto dê apenas
alguns minutos.
[como diria mário quintana,
basta um instante.]
Thursday, August 30, 2007
numa prece
então os dias passam mais lentos,
e tudo que se quer é dormir pra que chegue logo o amanhã.
esperança do dia nascer mais fácil,
do telefone tocar bem cedo.
do outro lado, numa voz rouca,
"bom dia".
e tudo que se quer é dormir pra que chegue logo o amanhã.
esperança do dia nascer mais fácil,
do telefone tocar bem cedo.
do outro lado, numa voz rouca,
"bom dia".
Monday, August 27, 2007
Saturday, August 25, 2007
das cartas escritas
abre a carta,
"meu amor, desculpa. até nunca mais. beijos, tereza"
não entendia como tudo isso havia acontecido.
lembra como se fosse ontem o dia que acordaram juntos, cobertos de preguiça, planejando o almoço do domingo. conversas esparramadas no tapete.
se culpa por sempre esperar muito das pessoas, por fazer planos, sonhar e sorrir demais.[nunca gostou da alegria exagerada da maioria.]
agora, passa os dias vendo aquela foto, a única que têm juntos, do jantar, antes do amor.
--
fecha a carta,
não acreditava no que dizia. lembra do sorriso dele, do dia que planejaram o almoço de domingo e acabaram pedindo pizza por telefone. a preguiça era grande, a noite tinha sido longa e tudo que queriam era sentar no chão, escorar no sofá e conversar.
se culpa por não se permitir, por ter medo, receio, ter feridas demais.
perdeu a única foto que tinham juntos.
melhor assim. achava.
-
"meu amor, desculpa. até nunca mais. beijos, tereza"
não entendia como tudo isso havia acontecido.
lembra como se fosse ontem o dia que acordaram juntos, cobertos de preguiça, planejando o almoço do domingo. conversas esparramadas no tapete.
se culpa por sempre esperar muito das pessoas, por fazer planos, sonhar e sorrir demais.[nunca gostou da alegria exagerada da maioria.]
agora, passa os dias vendo aquela foto, a única que têm juntos, do jantar, antes do amor.
--
fecha a carta,
não acreditava no que dizia. lembra do sorriso dele, do dia que planejaram o almoço de domingo e acabaram pedindo pizza por telefone. a preguiça era grande, a noite tinha sido longa e tudo que queriam era sentar no chão, escorar no sofá e conversar.
se culpa por não se permitir, por ter medo, receio, ter feridas demais.
perdeu a única foto que tinham juntos.
melhor assim. achava.
-
Wednesday, August 22, 2007
Tuesday, August 21, 2007
Sunday, August 12, 2007
sal e dean.
então você coloca uma mochila nas costas e sai pro mundo.
e tudo se torna pequeno demais. as ruas ficam mais estreitas, as paredes mais baixas, as pessoas menos chatas, os livros mais curtos.
a vontade de se mandar por aí é que cresce. você se torna cidadão do mundo, os limites foram desfeitos, o horizonte é cada vez mais laranja e azul e rosa e vermelho.
e você olha pro céu, fica se imaginando de lá de cima, perdido. e te garanto, nunca foi tão bom se perder. pisar num chão novo, dormir numa cama de lençóis beges (lençóis que você nunca compraria, mas que agora são os que existem por perto), um restaurante novo, mapa na mão, o sol gira diferente, os dias tem menos horas e as noites são longas e então você percebe que está longe de casa.
amizades passageiras, sentada ao seu lado durante 20 horas de viagem de ônibus se desfazem depois de 3 ou 4 dias, cada um vai em direção ao seu novo destino, quem sabe não se encontram na frente. ou não. na verdade não importa. aquelas pessoas são as mais maravilhosas do mundo e a amizade dura o tempo exato, sem chateação, cobranças ou desconfiança. é todo mundo no mesmo barco, buscando a liberdade, o conhecimento, experiências e algumas boas histórias pra contar na volta.
e a volta? tristeza coisa nenhuma. o mundo agora é seu. os muros caíram, as fronteiras nunca estiveram tão próximas, tão fáceis, tão... sabe?
é dormir pra despertar, se perder pra se achar. fim do ano tem mais. e agora, desde já, começam os sonhos, o planejamento, os roteiros, a corrida pra conseguir grana, os planos. viajar é assim, você curte o antes, o durante e o depois. não tem coisa melhor no mundo.
quem tá nessa comigo?
--
[pra quem não sabe, passei o último mês mochilando pela argentina. o diário de viagem, que ainda está sendo escrito aos poucos, pode ser visto no www.lhamaloca.blogspot.com, assim como logo em breve, os preparativos pra próxima empreitada.]
e tudo se torna pequeno demais. as ruas ficam mais estreitas, as paredes mais baixas, as pessoas menos chatas, os livros mais curtos.
a vontade de se mandar por aí é que cresce. você se torna cidadão do mundo, os limites foram desfeitos, o horizonte é cada vez mais laranja e azul e rosa e vermelho.
e você olha pro céu, fica se imaginando de lá de cima, perdido. e te garanto, nunca foi tão bom se perder. pisar num chão novo, dormir numa cama de lençóis beges (lençóis que você nunca compraria, mas que agora são os que existem por perto), um restaurante novo, mapa na mão, o sol gira diferente, os dias tem menos horas e as noites são longas e então você percebe que está longe de casa.
amizades passageiras, sentada ao seu lado durante 20 horas de viagem de ônibus se desfazem depois de 3 ou 4 dias, cada um vai em direção ao seu novo destino, quem sabe não se encontram na frente. ou não. na verdade não importa. aquelas pessoas são as mais maravilhosas do mundo e a amizade dura o tempo exato, sem chateação, cobranças ou desconfiança. é todo mundo no mesmo barco, buscando a liberdade, o conhecimento, experiências e algumas boas histórias pra contar na volta.
e a volta? tristeza coisa nenhuma. o mundo agora é seu. os muros caíram, as fronteiras nunca estiveram tão próximas, tão fáceis, tão... sabe?
é dormir pra despertar, se perder pra se achar. fim do ano tem mais. e agora, desde já, começam os sonhos, o planejamento, os roteiros, a corrida pra conseguir grana, os planos. viajar é assim, você curte o antes, o durante e o depois. não tem coisa melhor no mundo.
quem tá nessa comigo?
--
[pra quem não sabe, passei o último mês mochilando pela argentina. o diário de viagem, que ainda está sendo escrito aos poucos, pode ser visto no www.lhamaloca.blogspot.com, assim como logo em breve, os preparativos pra próxima empreitada.]
Saturday, July 07, 2007
Friday, July 06, 2007
sim, mais um, mais um.

agora tenho maaaaais um blog.
desta vez, um que vai ser um blog super iternacional.
é o LhamaLoca!
na verdade vai ser o meu diário de viagem do mês de julho, onde vou visitar algumas cidades da argentina.
o nome LhamaLoca! era o nome de um projeto meu e do marcos, onde a gente tinha a proposta de viajar pela bolívia e peru. no entanto, essa viagem não deu certo, o marcos infelizmente não pode ir e eu não renovei o meu passaporte... enfim, o destino agora é argentina, saindo de buenos aires e indo até a terra do fogo, no sul da patagônia e voltar pelas cidades andinas.
no blog vou deixar fotos, as minhas impressões, dicas de viagens para que quiser fazer essa viagem um dia e etc.
www.lhamaloca.blogspot.com
viajo amanhã, dia 7 de julho.
hasta luego!
Saturday, June 30, 2007
das pernas que não param.
e é assim mesmo. a vida sempre foi assim, você corre, corre e descobre que o destino é outro, é pro outro lado. você vai pro norte e o certo era oeste, acontece. [certo?]
e enquanto se está correndo é muito bom. o vento nos cabelos, a sensação de vida, de saber que não se está parado, o calor nos pés, o suor que desce as costas, a sede quando é saciada. tudo isso é bom, mesmo que o destino não esteja certo.
tem gente que corre sabendo que vai voltar, não tem? tem gente que corre pra perder peso, pra viver mais, pra viver melhor. talvez nem vivam tanto mais, mas a sensação de estar fazendo o certo é boa demais.
e depois de correr, correr, você pára. é hora de voltar pra casa, tomar um banho, colocar roupas limpas, comer algo - leve, por favor.
escolher outro caminho, outra praça. amanhã é dia de ir contra o vento e voltar à favor. no meio do caminho, trocar de calçada.
e enquanto se está correndo é muito bom. o vento nos cabelos, a sensação de vida, de saber que não se está parado, o calor nos pés, o suor que desce as costas, a sede quando é saciada. tudo isso é bom, mesmo que o destino não esteja certo.
tem gente que corre sabendo que vai voltar, não tem? tem gente que corre pra perder peso, pra viver mais, pra viver melhor. talvez nem vivam tanto mais, mas a sensação de estar fazendo o certo é boa demais.
e depois de correr, correr, você pára. é hora de voltar pra casa, tomar um banho, colocar roupas limpas, comer algo - leve, por favor.
escolher outro caminho, outra praça. amanhã é dia de ir contra o vento e voltar à favor. no meio do caminho, trocar de calçada.
Wednesday, June 27, 2007
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