ela era uma puta alta, negra, de olhos fundos, peitos medianos e bunda dura chamada michele. "puta mesmo", tinha orgulho de dizer, sempre avançando, com sua bolsa rodando, pros playboys que param o carro pra fazer alguma graça.
o turno era o da noite. dava mais grana, o nível era mais alto e além do mais, passar a tarde na praça dando para bêbados a deixava sempre com um nojo maior que o normal de seus clientes, além dos calotes, universitários que cabulavam aula, brigas de marido e mulher em motel de quinta categoria, era sempre tudo muito bizarro.
a noite não... nada disso, só tinha playboy, dotô [sic] advogado, todos perfumados cheirosos com as unhas feitas que brilhavam. sempre ia pra motéis com cama redonda e banheira de hidro e tinha já conseguido, em uma semana, clientes fiéis - fidelidade não era exatamente uma característica do mercado, entende?
numa noite, michele, como de praxe, vestia seu vestido curto e usava batom forte - rosa. parada na esquina, esperando qualquer coisa, vê um sujeito do outro lado da rua. baixo, moreno, mãos cansadas, magro que doía, fumando cigarro barato e cospindo no chão. seu nome era roberval, ela descobriu 5 minutos depois.
hoje michele é mãe de três. roberval júnior, roberlene e roberlino - sendo roberlene e roberlino irmãos gêmeos - e os nomes, quem deu foi o pai das crianças, que não foi contestado pela mulher em momento algum.
sorrindente, michele lavava os pratos, de frente pra janela.
Tuesday, March 06, 2007
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4 comments:
num é por nada não, mas adorei o texto!
fazia tempo que eu não degustava dos teus escritos.
também gostei. demais.
não pode mais parar de escrever, viu?
roberval se garantiu, ó.
cheiro.
ei, muito bom!!! adorei isso daqui
beijo rafa
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