Monday, January 12, 2009

stay lady stay.

sou tendencioso a não acreditar em papai noel,
mas dezembro me veio com um presente que não
acredito ter me sido dado ao acaso.

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e fomos, de mãos dadas ao portão de embarque, pouco foi dito durante o caminho, coração bate mais forte nessas horas.
ali estávamos nós dois, depois de quase 15 dias desde de que nos vimos pela primeira vez, nem imaginávamos como poderíamos seguir a vida sabendo que um tinha largado a mão do outro ali, numa madrugada de sábado.
dos dias na praia, leitura na beira da piscina, o amigo em comum no saguão do hotel, os carinhos, as musicas cantadas baixinho enquanto deitados na cama, pensávamos cada um na sua vida e como fomos parar ali e o que ia ser da gente depois. pelo menos era o que eu ficava pensando. as piadas sobre assuntos corriqueiros, novelas, banhistas cafonas, os planos sobre o futuro.
portão H do embarque, ouvi o chamado umas trezentas vezes.
mãos dadas na porta que dava para a sala de embarque, lembrei rapidamente do bob dylan que diz:
"Stay, lady, stay, stay with your man awhile
Why wait any longer for the world to begin
You can have your cake and eat it too
Why wait any longer for the one you love
When he's standing in front of you"

daí veio o beijo no rosto, na boca, olhos vermelhos e o abraço mais apertado que pude dar.
a saudade me castiga ainda hoje, todo dia, quando acordo sem os olhinhos puxados do meu lado, o cabelo sempre em constante batalha para escolher uma posição confortável, sendo que pra todo lado que fosse, era o lado mais bonito, era o jeito mais charmoso de se arrumar.
a saudade me castiga por ter soltado a mão.
portão H, embarque imediato.
e ela foi.
e eu fiquei.
saudade e amor, um em cada mão.

Wednesday, December 03, 2008

"queria ouvir"
eu disse pra mim mesmo.

[de querer ouvir a voz, suspirar e tentar retomar a conversa]

Tuesday, December 02, 2008

segunda

fico esperando pra ver até onde o amor dói.
numa esquina dois conversam, se entendem,
o café esfria, tem um momento de desequilíbrio e
um pouco salta do copo e molha o bilhete
recebido com tanto carinho, sorriso de lado e tudo mais.

fico esperando pra saber até quando o embrulho
vai insistir em morar na minha barriga
subir, se transformar numa bola de algodão
travar minha garganta a ponto de não sair
nem um bom dia, nem um “ai”.

fico esperando saber até onde eu aguento,
olhar pros lados, esperar que não venha nenhum carro
não poder atravessar a rua, pedir uma coca-cola
não saber desde já que vai estar gelada, sem limão
não acreditar que a noite vem depois do dia

repito o mantra.
o mantra que me lembra que o erro não foi meu, não foi.
como um amigo me ensinou.
e fico esperando que a chuva que vai cair ainda me molhe
que o dia venha depois da noite.

segunda-feira.

Monday, November 24, 2008

"senti falta do tempo que não tinha vícios, nem problemas, nem arrependimentos, nem mentiras pra esconder."
(camila lopez)

Friday, June 20, 2008

reforma da casa e tocar o céu.

uma pessoa que sumiu
sem notícias
sem adeus
sem amor
sem volta

a vida costuma vez ou outra dar essas bofetadas, pra acordar, avisar que o buraco é mais embaixo, que nada é tão simples, nem as coisas mais simples, como 1+1 (pergunte a qualquer matemático mais teimoso, ele vai mostrar n maneiras diferente de provar que o resultado é outro além do esperado, com um sorriso no rosto. de deboche, claro.), nem como pular e tentar tocar o teto, o céu, qual a diferença? não tenho altura nem pra um, nem pra outro.
minha casa está em reforma, literalmente. as janelas primeiro de tudo, depois de refeitas em madeira, agora estão sendo pintadas de branco. depois vem as paredes, que ainda vou escolher as cores. o bom disso tudo, além de mudar a rotina da casa, é que vou percebendo o que vale a pena mudar, o que vai pro lixo o que vai nas estantes novas que vou comprar, os livros, os discos, os filmes, tudo sendo reorganizado, as lembranças, desenhos e fotos vão pra parede, de forma aleatória, as que dóem vão pra uma caixa preta, segura, esperando o dia de serem lembradas. pronto, saí da reforma da casa e entrei na reforma dos meus dias. não quero falar sobre isso, não agora. prefiro falar da minha casa, que tem chão de madeira, móveis improvisados e fios espalhados. minha bagunça. eu me acho.

Monday, June 02, 2008

da batida

me lembro do nosso primeiro carnaval,
do meio da confusão, fugimos pra um lugar melhor, um lugar nosso.
sentados num batente, debaixo de uma árvore,
contei meus segredos, falei que meu peito tinha uma batida muito maior
do que a percussão e um ritmo além da euforia da multidão que seguia o bloco.
ela gostou, sorriu e com o rosto corado,
me beijou o rosto, a boca e o coração.
eu fui feliz.

Wednesday, May 07, 2008

não é bem uma questão de não aprender, não vou ficar me culpando por ter acreditado, ou me culpando por ter ido alto demais.
sempre é uma coisa diferente e você realmente acha que pode funcionar. fica procurando onde foi que errou e deixa a nóia pra próxima vez.
não acredito mais em nada. nem em mim.
se alguém ler isso, não comente. foi só... sei lá.

Wednesday, April 30, 2008

Wednesday, April 02, 2008

01 02 04 05...

só um bilhete, espera que eu vou lá e pego um pra gente.
sentados no batente molhado de chuva, um cigarro pra relaxar e a fumaça, que se espalha no clima abafado, acaba dando enjoo.
dois jogos, quinze numeros em cada jogo. tu escolhe um e eu o outro. e a vontade de estar junto era tão grande que os numeros vinham sempre juntinhos, 1 e 2, 4 e 5, 12 e 13, e quando não eram em pares, colados, sempre tinham um motivo especial, a idade de alguém querido que nem existia, o número de filhos, os dias que pretendiam passar em algum lugar especial.
escolhidos os trinta números, dobro o bilhete, coloco no plástico da carteira de cigarro. entramos no carro, parado somente a alguns quarteirões e vamos pra casa, então me dou conta de que o bilhete não é mais necessário.
eu já ganhei na loteria.

Friday, February 01, 2008

04:44 e o sono passa longe.
ando trocando o dia pela noite, pulando da cama pra rede, pro sofá, pra cadeira do escritório, ando passando os canais, as páginas, as faixas dos discos, ouço a billie dizer
"i dream each night
you say you love me
and hold me tight
but when I awake
and you're out of sight"

lembro de Mersault, que matou um árabe no romance de Camus, penso em tanta coisa, a mãe que preciso visitar mais, das tantas fotos que preciso fazer, das contas a pagar, projetos engavetados, dos amigos que estão longe, penso nas viagens - ah, as viagens, esse sim era um hobbie que eu queria ter, viajar sem parar - lembro que já é 2008 e eu, quando novo, nem imaginava como seria minha vida no ano 2000.
05:03 o sono, o sono, cadê?
agora a billie diz
"there's the moon above
and it gives my heart a lot of swing.
in your eyes there's love
and the way I feel it must be spring.
i want you so now"

lembro de outro dia, das promessas feitas, das vontades, da vontade, do céu estrelado, meu céu, tu diz que eu sou da páscoa, seja lá o que isso signifique, eu acho lindo, tudo parece fazer sentido numa lógica completamente louca, tudo faz sentido pra mim.
os dias passam lentos demais, tenho dormido durante a tarde, então de noite é essa insônia toda e fico louco pra apagar, pro tempo passar mais ligeiro, mais fácil, menos chato.
05:14, oh, agora billie canta i love you porgy, consigo não, consigo nada.
"i love you, Porgy
don't let him take me
don't let him handle me
and drive me mad
if you can keep me
i want to stay with you forever"

tenho medo de nunca mais conseguir dormir. aquele sono bom, sono fácil, que faz sonhar. medo de nunca poder acordar, olhar pro lado e dar aquele sorriso de lado, dar bom dia pra mim mesmo, enquanto tu ainda se perde nos teus sonhos, sol fraco de cedo do dia, luz entrando pela janela aberta, lençóis limpos, brancos e amassados.
05:25
e se eu te prometer todos os meus dias mais bonitos? na verdade, esquece. na verdade, meus dias mais bonitos estão contigo e se tu me der eles em doses diárias, pequenas, sei que nunca vão acabar e então eu faço o mesmo, vou te dando os teus dias mais bonitos assim, como quem dá água a uma planta ainda pequena, na medida certa, pra crescer forte, verde e um dia poder dar uns frutos bonitos e vermelhos, de fazer inveja até ao mais bonito pomar.
e se eu prometer isso tudo - eu prometo.
05:29 e o sono, diferente de ti, me esqueceu hoje.

Friday, January 25, 2008

poemas e promessas (e desejos de)

uma mesa os separava, ele colocava as mãos juntas, apoiadas sobre a agenda que gritava compromissos sem importância, olhava pra cima, via os olhos pretinhos e rasos d´água, sorriso diferente, daqueles que vem junto com as lembranças, com as vontades e os sonhos difíceis.
pediram igual, café com pouco leite - café cortado, como se diz em terras porteñas - e um silêncio que mata, ele puxa um guardanapo de debaixo do pires, desenha uma bobagem, bonecos palito de mãos dadas, um coração em cima e, embaixo, um bilhete. diz pra ela guardar, pra sempre.
é um contrato, que não pode ser quebrado por nenhuma das partes, um acordo de se querer bem, mais do que bem, de se amar pra sempre, pra sempre, como nos filmes, como ninguém acha possível, mas eles sabem ser a verdade.
e é o que importa no final das contas, ou não? a verdade, eles dois sabem, sabem bem. beija o guardanapo com carinho, dobra e coloca nas mãos dela, sempre com gentileza, sempre.
paga a conta e sai pela porta, os olhos fundos d´água não se aguentam. voltam à vida normal.

e foi tudo lindo. todos os dias.
ele nunca vai esquecer.

Thursday, January 17, 2008

funny valentine

e quando meus braços pedem os teus braços,
o que fazer?

-

queria te dizer,
meus olhos não vivem mais sem os teus olhos,
jogos na varanda, coca-cola com gelo,
rotina diferente a cada dia,
praia e cinema, beijo no pescoço,
me abraça forte, vai, vai. vem, diz que sim.
porque agora meus sonhos tem nome, as vontades,
os desejos, o carinho, tem nome, tem nome.
não são planos, é tudo bem querer, eu quero
tu hoje e hoje e hoje. e amanhã e depois.
entende?
porque as coisas vão acontecendo e nada é errado,
te juro, é tudo certo, porque é do bem, é bem querer
querer mais do que querer, entende? promete?
água de côco em garrafa de plástico, isso sim é errado,
e digo mais, pode ser melhor, vai ser, vai ser.
acredito mesmo que vá, tu duvida?
duvida não, duvida não.
nos dias impares, sou teu,
nos pares, tu é minha, fica combinado assim.
e um dia, quem sabe... não sei, não sei,
tenho medo dos desejos virarem planos
e planos podem falhar,
carinho demais nunca erra. nunca.

Wednesday, November 21, 2007

de presente

dos caminhos da vida,
a gente não sabe é de nada.
dos cruzamentos de trânsito,
encontros de esquina,
café morfado esfriando sobre um guardanapo,
nele, um número borrado.
segredos ao meio dia,
confidências à meia noite.

a vida é cheia de curvas.
nas retas, levanta os braços,
fecha os olhos e abre um sorriso.

Monday, November 12, 2007

das voltas e do aprendizado

carlinhos era um cara simplório, de atos comedidos e sem muita ambição. um dia andava pela rua quando roberta furacão passa na sua frente, pisca um olho na sua direção e continua desfilando. carlinhos passa dias com aquela imagem na cabeça, aquele mulherão alí, dando sopa, se sente bobo por não ter ido atrás, queria ser mais despojado, menos tímido, essas coisas. sempre sentia que poderia aproveitar melhor a vida.
enfim, a vida passa e sem florear muito a história, carlinhos de uma forma ou de outra conhece roberta furacão e coisa e tal e acabam passando algumas noites juntos. não vou explicar como, mas foi o que aconteceu.
pois bem, um belo dia roberta furacão decide que carlinhos é pouco pra ela, aquele carinho todo, aquela coisa de amar, de cuidar e bla bla bla, não era pra ela, queria um homem com pegada, o famoso "me joga na parede e me chama de lagartixa". resolve então que carlinhos já era. coitado, coração em pedaços, carlinhos passa dias embaixo do chuveiro, chora pelos cantos de sua casa de chão de madeira, casa simples, claro, como ele, chorando, lembrando, olhando as fotos que tinha com roberta furacão. aquilo sim que era mulher, ele repetia. pros poucos amigos que tinha, chorava horrores.
encurtando a história mais uma vez, carlinhos se chama agora carlão, continua simples, amável e gentil, mas agora é carlão, sim, grande, crescido e sofrido. robertinha, bichinha, vive agora a reler os bilhetes de amor que um dia recebeu. olha pro lado e dá boa noite pro paulão, o que tem pegada, mas sem amor no coração.

Friday, October 26, 2007

da espera e da vontade

às vezes fico esperando que num instante,
num momento epifânico da parte de lá,
ela me procure e me diga todas as doçuras
que eu sempre quis ouvir.

com brilho nos olhos,
miro o céu.

fita amarela.